Isadora Garcia
Descobri a magia e o poder das
palavras aos poucos. O mistério que as envolve foi me fascinando de tal forma,
que não pude ignorá-lo. Ele tornou-se autor de meus sonhos e me incentivou a
buscar na beleza das letras a possibilidade de externar sentimentos, fantasias
e desejos. A descoberta desta possibilidade infinita de provar tão doce sabor
me encantou e, leve e sorridente, dei asas a sonhos que me levaram (e ainda
levam!) para mundos fantásticos. A coisa foi tomando dimensões que, a meus
olhos, eram magníficas, mas, na ótica da fria realidade, eram preocupantes. Foi
então que começaram a puxar meus pés de volta para o chão, a me impor vendas e
cordas, a cortar minhas asas, que cultivava com tanto orgulho. Que dor! Que
horror! Aquilo me doeu, como me doeu! Mas as vendas não eram negras o
suficiente e as cordas não tinham a força requerida para parar os cantos de
minha alma. Durou pouco o tempo em que aceitei esta prisão. Logo minhas asas já
estavam novamente fortalecidas e foi então que dei o maior salto de todos! Ah,
que maravilha o vento a me tocar o rosto! Era incrível a leveza depois da
privação! Hoje cultivo meus sonhos e meu imaginário, confiante. Muitas vezes
ainda sinto a queimação das cordas em meus pés, tentando me prender a um mundo
de limitações, mas logo vêm as palavras a me abrir os olhos, a levantar meu
rosto e me apontar o céu, moradia eterna da alma que acredita.