Isadora Garcia
Cai a noite e pinto versos
com tinta transparente
Ainda fresca ela mancha,
se torna evidente
Sorte a minha que o mundo
não tem a mesma lente.
Isadora Garcia
Cai a noite e pinto versos
com tinta transparente
Ainda fresca ela mancha,
se torna evidente
Sorte a minha que o mundo
não tem a mesma lente.
Henrique Rodrigues
Posso dominar o verso, não a vida
Que não cabe em laço, ou pode ser medida.
Há uma certa complacência nisso tudo,
Porque o verso pode estar assim, desnudo,
Para que eu o vista com o que me convenha.
Já a vida, esguia, não pede contra-senha
Que a revele. Está sempre por ser coberta
Com os véus do livre-arbítrio. E por ser incerta
É que a vida escorre aqui nesta ampulheta
Dos versos, halo tão-somente faceta
Que permite termos algo em nossas mãos.
Não sei toda a lavoura, deixo-te os grãos.
(Do livro A musa diluída)
Isadora Garcia
Num segundo me vem a vontade
de tudo o que sinto poder expor.
Corro então, busco a verdade
de cada palavra que venero com amor.
Muitas vezes o que fica é o vazio,
a procura ainda não acabou.
Pelos labirintos de rimas vadio,
pois a tentativa primeira não saciou.
Então de repente o conflito faz sentido,
reconheço-me por inteiro depois de ter lido,
aquieto meu peito e sorrio por ter conseguido.
Na poesia acho não a resposta, mas a solução.
Sua magia me fascina e me dá gratidão.
Sentimentos e palavras em perfeita união.
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Sendo hoje o Dia nacional da poesia, não podia deixar de fazer esta homenagem! A poesia merece mais do que isso, na verdade, mas como não posso mostrar a todos do mundo o seu verdadeiro valor, fico com estes versos singelos neste dia chuvoso...